Hoje uma série de coincidências fatídicas me levaram a refletir sobre o perdão. Eu que sempre achei que eu tivesse uma grande capacidade de perdoar, passei a questionar o que seria isso. Essa coisa que é bíblica, que cantam os poetas, que faz chorar os arrependidos. A princípio, a questão do perdão somente me perturbou, pois hoje ouvi falar dele de uma forma tão mais real, de uma necessidade humana para adaptar-se ao meio ambiente, questão de seleção natural e nada que envolvesse vida eterna e salvação. O meu moralismo religioso fez questão de perguntar: “mas e os anjinhos?”, “as trombetas?”. Enfim, evolução ou não, de fato o perdão é importante e esquecendo Darwin, o que é perdoar? E se alguém sabe, manifeste-se logo, pois depois da perturbação inicial, a vida jogou na minha cara que o perdão precisa ser praticado. Se minha mãe estiver certa, perdoar é esquecer, porém realmente dá pra esquecer algo que te fez tão mal, que te empurrou garganta abaixo dores e mágoas? Pra mim, isso é bondade demais e com certeza, não faz meu gênero. Então, disseram que é lembrar sem mágoa, sem chorar, sem sofrer, simplesmente lembrar e não sentir mais nada. Aí entra a ação do tempo, dos amigos e de tantos textos. Porque enquanto te fazem engolir tanta coisa ruim, a soma de tudo aquilo que é bom te faz regurgitar pouco a pouco e assim quem sabe, chega-se ao lembrar sem mágoa, a vida eterna, a Deus te recebendo de braços abertos. Ou não, você apenas sobrevive. Mas, uma coisa é certa: perdão não significa recomeço.


