Eu já estive sozinha muitas outras vezes, mas nenhuma igual aquela. Nada poderia ser tão singular na minha vida como aqueles três dias. Uma sensação de não ter nada a perder e tudo a ganhar, um medo que ao invés de paralisar, impulsionou. O brilho nos olhos, o sorriso na alma e o vento na cara. O vento que trouxe paz e inquietude, certezas e vazio. Eu tive vontade de chorar e rir, de ficar e ir. O tal do vento ainda tava na cara e no coração parecia não haver nada não! E apenas parecia, pois por dentro eu parecia explodir, uma erupção de sentimentos não – nomeáveis tomava conta de mim. Estar sozinha já nem mais me pareceu um problema, a melhor companhia estava comigo. Entendi tantos dizeres, outros tantos caíram por terra. Por alguns instantes, o futuro não mais me angustiou, eu não quis que o tempo passasse rápido, eu queria o ali, o agora e o nada mais. Mas, era necessário seguir, caminhar lentamente, aproveitar cada instante, cuidar de mim, desejar o improvável e questionar velhos hábitos. Desisti de querer impor minhas vontades, desisti de querer sempre ter razão. Deixei a alma exposta, a cara lavada, sem disfarces, sem maquiagem. Recomeçar finalmente fez sentido. Mas continuei sentada, carros e pessoas a passarem sem me olharem, o vento no rosto e eu ali sozinha, como tantas outras vezes. Nenhuma igual aquela. Apenas sorrir e recomeçar foi o que me restou!


